domingo, 16 de outubro de 2016

Raízes



Meu corpo está aqui, entre ir e vir,
Absorto, inerte enquanto a mente vagueia,
No futuro soado incerto,
Igual passo de guri que ainda engatinha,
No passado, recheado da nostalgia que vem do futuro,
Dos aromas que a primavera espalha pelo ar,
Do sabor das frutas colhidas no pé,
Os pássaros que enchem as árvores de vida,
Os insetos que enchem o ar com um zumbido surdo,
Essa mistura de jasmim, flor de laranjeira e amora,
Essa balburdia que não incomoda,
Esse passear preguiçoso da brisa,
E do vento do norte, quente e forte,
Que espanta a chuva como dizem lá no campo,
O inverno da vida passou,
E a primavera carrega um vento morno que vira mormaço em dia de sol,
Mas quem disse que aqui não faz calor?
Na nostalgia futura, quando o presente será passado,
Algo mudou, já não sou mais a mesma...
A província ainda vive em mim,
Mas já não vivo mais na província,
Sei onde estão minhas raízes,
Mas vou arejar minha copa em outros ares...
Me desfazer e então refazer...
Nesse movimento constante e irregular que me atrevo a chamar de vida.

Créditos do video: Regravação de " Vento Negro", originalmente escrita por José Fogaça e regravada pelo movimento Rock de galpão, nessa mistura curiosa que a gurizada do RS fez para manter um pé no tradicionalismo gaúcho. Por que em essência seremos os mesmos por nossas raízes, apenas lapidaremos os excessos para chegar à nossa alma. <3

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