sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A mudança.



A ordem dos fatores não altera o produto,
Um novo fator cria uma nova relação com os outros fatores da equação,
Um pequeno elemento muda tudo,
Mudança é um movimento global,
Não se pode mudar apenas uma peça pois a vida não é estática como um quadro,
É dinâmica como um jogo de xadrez,
As teias que interligam os elementos se balançam,
Já não estão mais no mesmo lugar,
Um movimento,
Novas vibrações,
Um elemento,
Novas relações,
Então não somos mais os mesmos,
Apreciaremos novas visões,
Novos sons e sabores,
 Num movimento simples com efeito complexo,
Feito aquela gota que tocou a superfície do lago,
Replicando seu movimento à milhões de outras pequenas gotas como ela,
Se não nos enganássemos tanto,
Pensando em como somos insignificantes,
Talvez o mundo já fosse aquele lugar que fica só na utopia...


domingo, 16 de outubro de 2016

Raízes



Meu corpo está aqui, entre ir e vir,
Absorto, inerte enquanto a mente vagueia,
No futuro soado incerto,
Igual passo de guri que ainda engatinha,
No passado, recheado da nostalgia que vem do futuro,
Dos aromas que a primavera espalha pelo ar,
Do sabor das frutas colhidas no pé,
Os pássaros que enchem as árvores de vida,
Os insetos que enchem o ar com um zumbido surdo,
Essa mistura de jasmim, flor de laranjeira e amora,
Essa balburdia que não incomoda,
Esse passear preguiçoso da brisa,
E do vento do norte, quente e forte,
Que espanta a chuva como dizem lá no campo,
O inverno da vida passou,
E a primavera carrega um vento morno que vira mormaço em dia de sol,
Mas quem disse que aqui não faz calor?
Na nostalgia futura, quando o presente será passado,
Algo mudou, já não sou mais a mesma...
A província ainda vive em mim,
Mas já não vivo mais na província,
Sei onde estão minhas raízes,
Mas vou arejar minha copa em outros ares...
Me desfazer e então refazer...
Nesse movimento constante e irregular que me atrevo a chamar de vida.

Créditos do video: Regravação de " Vento Negro", originalmente escrita por José Fogaça e regravada pelo movimento Rock de galpão, nessa mistura curiosa que a gurizada do RS fez para manter um pé no tradicionalismo gaúcho. Por que em essência seremos os mesmos por nossas raízes, apenas lapidaremos os excessos para chegar à nossa alma. <3

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Partida



René Magritte | Le Faux Miroir | 1928



Não quero ir, seus olhos ainda me chamam...


Desejo seu abraço uma última vez!

A despedida foge da minha vontade...

Fico por que finjo ser mais forte que você,

E te deixo ir sem querer,

Prefiro derramar suas lágrimas pelos meus olhos,

À molhar seu sorriso.

domingo, 9 de outubro de 2016

Despir-se




Vejo corpos nus e almas ocultas,
Entre desejos vazios,
Atos de solidão e avidez,
Qual animal faminto,

Por favor dispa minha alma,
A nudez que ficará exposta,
Serão os retalhos dos quais sou feita,
Que anseio se tornarem arte e poesia aos teus olhos,
As costuras mal-feitas e os buracos abertos pelo puir do tempo,
Os remendos dos descosturares da minha vida, em suas cores cruas,
Ao natural,
Que isso seja tudo que seu olhar queira tocar,

A pele descobre-se e cobre-se,
Movida pelo desejo em estado bruto,
Mas a nudez que eu desejo exibir-te, 
Quando chegar será permanente, 
Então não haverão segredos entre nós, 
Apenas aquela cumplicidade que se dá em um olhar,
Que o coração vê e a alma entrega,
E o sorriso não consegue disfarçar.


Créditos da imagem: O artista e fotógrafo Carl Warner resolveu ousar para desenvolver o que viria a ser o seu mais bem-sucedido projeto. Com a utilização de corpos nus, mas sem exposição de partes íntimas, ele cria paisagens incríveis. As imagens reproduzem desertos, pirâmides e cenários rochosos. Veja alguns dos trabalhos do “Desert of Sleeping Men” (Deserto dos Homens Dormindo):

O sorriso do menino.

Vê aquele menino?
Sorriso ingênuo de boca cheia, exibe pérolas brancas igual colar de madame...
Sorriso escancarado qual o sorriso do velho que tem a sabedoria de rir por estar vivo...         
Sorriso fugido quando o menino fica sem graça e se fecha pois se sente só...  
Sorriso perdido pois se perde em pensamentos e enruga a testa igual essa gente que se sente grande que já faz as coisas sem saber direito o porquê e o que está a fazer, onde o fio do tempo na vida já perdeu um pouco da cor, da importância e do sentido...
Sorriso esquecido quando verte uma lágrima escondida sobre o lábio que não sorri...
E a tristeza dele é minha tristeza...
A amargura dele encurva meus lábios em direção ao chão...
Minhas lágrimas guardo em uma caixa especial feita da madeira das minhas ilusões que abro somente em ocasiões especiais com a luz da lua cheia...
Caixa que contém pó mágico sobre o qual as lágrimas são semeadas em pequenos cristais que tem o poder de germinar alegrias à luz das estrelas...
...mas isso é segredo, coisa que ninguém sabe!
          Uso minha caixa magica e as estrelas que são minhas testemunhas e me concedem um pedido...
...e tudo que peço ao universo é que traga de volta o sorriso do menino com aquele ar de criança que fez arte!
E o universo gentil toca o olhar tímido do menino que se transforma com puxar escondido em sua boca, e aquele riso de canto de boca de quem já não é mais um menino, mas conserva em si um quê de criança... feliz!